Sempre Simples

"A simplicidade é o último grau de sofisticação." Leonardo da Vinci.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Depressão - relato 1

Na postagem Philia, eu disse que tinha muito o que escrever sobre depressão. Pois, vou dar continuidade, relatando um pouco da minha experiência.

Como tudo começa?
Já tive várias crises que foram diagnosticadas como depressão, embora eu nunca saiba os reais motivos. Por isso, tenho dificuldade em aceitar que seja um diagnóstico preciso. De um dia para o outro, sinto uma mudança brusca de sensações. Nessa última vez, eu estava me divertindo e super feliz, num final de semana de carnaval em família, quando no outro dia já amanheci diferente. 

Quais são os sintomas?
Parece que algum "fiozinho" desconecta no meu cérebro e passo ter algumas dificuldades. Sinto enjoo, dor de cabeça, tontura e alterações fisiológicas de todo tipo. Intolerância para assistir televisão, ler e, até, navegar na internet. Tristeza, medos, preocupações exageradas, pesadelos, lembranças, episódios de choro, vaidade quase zero, tudo isso e mais um pouco. A minha comunicação fica comprometida. Sinto dificuldade de concentração e compreensão. Tenho muito sono, cansaço, prostração, falta de energia para realizar as tarefas rotineiras e consequentemente ganho de peso. Meus dias se resumem nesses sintomas, em comer e dormir.

Como lidar com isso?
Nas primeiras crises, eu paralisava literalmente. Depois fui entendendo que  o mundo continuava o mesmo e eu é quem estava diferente. Então passei a "enfrentar", como podia, essa situação. Hoje  já dou conta, com muito custo, de continuar a vida apesar disso. Nessa última crise, eu estava terminando a faculdade, não podia parar. Foi uma luta muito grande ter que, além de frequentar as aulas diariamente, cumprir também o estágio obrigatório. Mas venci, consegui a conclusão.

Como procurar ajuda?
Primeiramente, é na família que temos o apoio. Depois o recurso médico. Dessa vez, procurei um neurologista que diagnosticou como enxaqueca. Sim, a enxaqueca engloba vários desses sintomas também, mas preferi investigar melhor, consutando um clínico geral. E não estava errada não, porque o clínico investiga muito bem através de exames clínico e laboratorial, para depois encaminhar ao especialista, se for necessário. Os meus exames acusaram carência de vitaminas. Mas eu sempre achei, que nessas crises, essa carência era fatal pela intensa fraqueza e indisposição que sentia.

Como seguir em frente?
Olha, são dias pesados de viver. Há que se ter muita fé e força para superar. E eu sempre busquei isso na oração, em Deus. Fui fazendo o acompanhamento com o clínico, que entendeu o meu caso, não ser necessário um especialista. Portanto, não ingeri nenhum medicamento controlado, apenas complexos vitamínicos. Controlei melhor a alimentação, procurei fazer caminhadas e tomar sol diariamente. Se tinha festinhas para ir, mesmo sem querer, eu ia. Usava a internet o quanto tolerava. O serviço da casa fui fazendo como conseguia. Marido e filhos sempre cooperando comigo. Enfrentei, procurei abstrair das atividades que mais gosto de realizar, o raro bem estar. E encontrei na escrita uma válvula de escape. Passei a escrever tudo o que acontecia no meu dia a dia. Primeiro, para me conhecer melhor; segundo, para acompanhar a minha rotina e perceber se o que sentia não tinha relação com alimentação ou coisa assim; terceiro, para compreender a evolução, os sintomas e que duração tem uma crise. 

Como saber se a depressão foi superada?
Estou bem, mas sinto que não ainda, cem porcento. Hoje consigo achar graça de muitas coisas, dou risadas, durmo bem e sem pesadelos, as lembranças do passado se normalizaram, minha energia ressurgiu, durmo menos, me preocupo menos e me ocupo mais, me arrumo mais, converso mais, raciocino melhor, tenho mais iniciativas e minha criatividade voltou. Que bênção! Não sei quando me sentirei completamente bem. Tem dias que ainda sinto minha cabeça muito ruim. As vezes, ainda me vejo perdida em algumas atividades, sem saber o que fazer, confusa. Quando sinto dificuldade em alguma coisa, tento ficar calma e, se preciso, me afasto; volto depois e o que parecia difícil, fica mais fácil. E se a cabeça fica muito ruim, vou dormir. Numa comparação prática, sabe quando o computador anda lento demais e é preciso reiniciá-lo para ele melhorar o desempenho? É isso. Quando acordo, me sinto melhor e com a cabeça mais leve.

-Acompanhamento médico;
-Boa alimentação;
-Atividade física;
-Luz solar;
-Paciência e
-Muita oração.

Está é minha receitinha para superar uma depressão.

Leia também o relato 2: clique aqui


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